O ÚLTIMO ENCONTRO
Ao último gole
de café, o homenzinho fora tomado por súbitos devaneios de sua rotina campestre
há muito vivida. Naqueles dias, o passar do tempo parecia se abster enquanto
ocupava-se analisando a singularidade das formas, mescladas com a pluraridade
de suas essências. Intrigava-se com a vivacidade dos elementos dotados de
dinamismo em suas cores, tão inconstantes e tão únicas. Eram tempos em que a
verdadeira nobreza residia na simplicidade, no sentir prazer em coisas mínimas enquanto grandes problemas
desmoronavam lá fora. Ao homem, já curtido pelo tempo, só restavam os
lamentos de saudade enquanto seu
interior era preenchido por memórias nostálgicas.
Trêmulo, espontaneamente
devolvera a xícara ao pires enquanto era inundado por uma gélida voz, tão
próxima que parecia lhe sussurrar os tímpanos. As sentenças choviam desconexas, porém, em seu âmago, tudo compreendera . À medida que seu lado
transcendental decodificava a linguagem das almas, sua carne pecadora mirava
fixamente os ponteiros quase inertes do relógio. O tempo se esvanecia e as
cores e formas dissolviam-se no espaço.
A
passos ritmados, deslocou-se rumo ao seu novo mundo enquanto examinava os
disformismos da cena. Ao girar a maçaneta, foi rendido pela plenitude dos
raios de sol daquela manhã e, como que já ciente do roteiro, moveu-se em
direção à sua senhora, recostada no muro da frente. A senhorinha,
indiferente à sua aproximação, retornou aos interiores de sua túnica negra o
papel de seda que acabara de averiguar. O homem chega a seu encontro e, já
inconsciente, estende uma das mãos, aceitando
a ceifadora como sua eterna guia pelos relevos do desconhecido. A fraca
luz da varanda se extingue e, com ela, uma vida .
Lindas palavras.
ResponderExcluirMuito obrigado , de verdade !
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